O que é conjuntivite alérgica?
A conjuntivite alérgica, como todas as alergias, é resultado de uma reação do sistema imunológico a algo na maioria das vezes inofensivo (alérgeno) que ele julga estranho, produzindo uma resposta inflamatória exagerada. Neste caso o principal alvo desta reação é a conjuntiva, uma membrana delicada que cobre o olho e o interior das pálpebras (FIGURA 1).
FIGURA 1.Conjuntivite
O principal sintoma da conjuntivite alérgica é o prurido (coceira) dos olhos. Além disso, são frequentes as queixas de vermelhidão, sensação de queimação ou corpo estranho (“areia” nos olhos), inchaço das pálpebras, lacrimejamento e fotofobia (sensibilidade à luz).
Existem diferentes formas clínicas de conjuntivite alérgica e dependendo da causa, os sintomas podem ser intermitentes (durar horas) ou perenes (durar dias/meses). A doença pode ser isolada, mas na maioria das vezes está associada à rinite alérgica, isto é, acompanhada de coceira (no nariz, garganta, ouvido), espirros em salvas, coriza aquosa e nariz entupido. A associação dos sintomas nasais e oculares é chamada de rinoconjuntivite alérgica, e estima-se que entre 12 a 15% das crianças e adolescentes brasileiros apresentam esta condição.
Ao afetar a visão, a conjuntivite alérgica pode provocar um pobre desempenho escolar, além de restrição das atividades de lazer acarretando importante comprometimento na qualidade de vida, não só das crianças e adolescentes, mas também de suas famílias.
Quais são as principais causas de conjuntivite alérgica?
Diferentemente das conjuntivites infecciosas, causadas por vírus e bactérias, a conjuntivite alérgica não é contagiosa e suas principais causas são os aeroalérgenos provenientes de animais domésticos, como cães e gatos, baratas e principalmente dos ácaros da poeira domiciliar. Estes últimos são seres microscópicos cujo alimento principal é a descamação da pele humana. Calcula-se que devam existir de 500 mil a 2 milhões de ácaros o interior de um colchão, independente das condições de higiene da casa. Assim, os ácaros são capazes de causar conjuntivite alérgica durante todos os meses do ano.
A rinoconjuntivite alérgica sazonal (polinose/febre do feno), em geral está limitada aos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, onde as estações do ano são bem definidas.Neste caso,os principais alérgenos são os poléns de gramíneas e os sintomas ocorrem caracteristicamente durante os meses da primavera (Setembro – Outubro – Novembro).
Qual o tratamento para conjuntivite alérgica?
Em geral a avaliação e tratamento da conjuntivite alérgica devem ser realizados pelo pediatra em conjunto com o alergista, e se necessário o oftalmologista.
Apesar do incomodo, em sua vasta maioria a conjuntivite alérgica é uma doença benigna, que não deixa sequelas. Entretanto, formas clínicas mais graves e raras com possível envolvimento da córnea (a lente que cobre a parte colorida do olho) podem ocorrer. Estes casos devem ser suspeitados especialmente nas crianças com alterações da visão e queixa de intensa fotofobia e devem ser encaminhados imediatamente ao oftalmologista.
Os medicamentos mais utilizados estão disponíveis como colírios de ação antialérgica e também como medicação oral. O uso de colírios resfriados (mantidos na geladeira) e compressas de soro fisiológico pode reduzir a sensação de coceira e desconforto nos olhos.
Além do uso de medicamentos, o tratamento da conjuntivite alérgica compreende medidas educativas de controle ambiental que são essenciais para diminuir a exposição aos alérgenos intradomiciliares (QUADRO 1).
QUADRO 1. MEDIDAS DE CONTROLE AMBIENTAL |
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Os testes alérgicos ajudam na identificação dos fatores que desencadeiam a alergia e orientam o tratamento com vacinas antialérgicas específicas (imunoterapia).
É importante reforçar, no entanto, que quaisquer destas medicações devem ser prescritas pelo médico (alergista, pediatra ou oftalmologista). Nunca use medicamento por conta própria ou sem ordem médica.