11/27/2017

Departamento Científico de Gastroenterologia da SBP

Todos os bebês podem ter facilidade de regurgitar, ou seja, retornar o que está no estomago para a boca. As famílias chamam de “golfadas” quando são em pequena quantidade e as vezes nem demonstram esforço da criança para este retorno, mas quando parece ter esforço, geralmente são chamados de vômitos.  Estas duas manifestações podem ser chamadas de refluxo.

A grande maioria dos bebês regurgitam, sobretudo os menores de 6 meses, sendo absolutamente normal nesta fase do desenvolvimento do bebê. Isto faz com que usemos o nome de Refluxo Fisiológico ou ainda Regurgitação do lactente. Isto acontece porque temos ainda imaturidade nos principais  mecanismos anti-regurgitação, associado com a posição mais deitada e com a quantidade ou volume de alimento oferecido.

Existem alguns grupos com maior risco para apresentar a doença do refluxo (DRGE) como crianças que tem problemas neurológicos, nos prematuros, nos obesos, com doenças pulmonares como  a fibrose cística ou displasia broncopulmonar  e nos que apresentam ou tiveram malformações ao nascimento do sistema digestório (hérnia hiatal, hérnia diafragmática, atresia esofágica, fistula traqueoesofágica).

O refluxo se torna doença quando começa a atrapalhar o crescimento e o desenvolvimento normal da criança ou quando piora a qualidade de vida do lactente. Perda de peso ou ainda dificuldades para ganho de peso, choro, irritabilidade, recusa alimentar, anemia e vômitos com sangue podem ser sintomas de refluxo-doença.

Isso acontece porque o ácido que volta do estômago está vencendo os mecanismos de defesa e está fazendo mal para o esôfago ou provocando alguma lesão e desencadeando os sintomas. A presença do ácido no esôfago por muito tempo pode ocasionar inflamação do esôfago, chamada esofagite, que pode se manifestar com dor, queimação (azia) e provocar vômito com sangue ou  tanta dor que impede a criança de comer. Se retornar este conteúdo ácido até a garganta ou a região de entrada do ar para respiração, ele pode ter uma pneumonia de aspiração.

O refluxo-doença, ou a “doença do refluxo gastroesofágico”, ao contrário do refluxo fisiológico, necessita tratamento e, em casos específicos, exames diagnósticos.

Caso seu filho se sinta desconfortável, mais choroso que o usual, ganhe pouco peso ou apresente outro sinal de sofrimento,  o profissional mais indicado para avaliar a situação e identificar o diagnóstico é o seu pediatra. É importante lembrar que existem outras causas de choro e irritabilidade que podem coincidir com a presença de golfadas ou vômitos, portanto é fundamental consultar seu pediatra para esclarecimento.

Se a doença do refluxo gastroesofágico se confirmar, o tratamento deverá feito com medicações que aliviem as dores, diminuindo a produção do ácido e cicatrizando o que está inflamado. Porém, cada criança deverá ser avaliada pelo seu médico individualmente, pois há diferentes tipo de tratamento e de resposta.  Não inicie ou faça tratamentos sem a supervisão de seu pediatra!

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