A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) marcou presença no evento “Banco de Leite Humano e Mudanças Climáticas – O que podemos fazer a mais?”, realizado em Belém (PA), como parte das atividades preparatórias para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que acontecerá em novembro de 2025. Nos dias 6 e 7 de maio, autoridades públicas, especialistas e representantes de Bancos de Leite Humano de todo o Brasil e de dez países se reuniram para discutir os impactos ambientais na saúde neonatal.
Durante o evento, a SBP, junto a outras entidades, assinou a Carta de Belém 2025, que consolidou os principais pontos abordados nas discussões. A SBP foi representada pela dra. Vilma Hutim, do Grupo de Trabalho sobre Políticas Públicas para Neonatologia, e pela dra. Aurimery Chermont, do Departamento Científico de Neonatologia.
“Além de promover o intercâmbio de experiências, o encontro buscou fortalecer a articulação regional e internacional. Foi uma oportunidade de ampliar a cooperação científica diante dos problemas de saúde pública, com foco nas dificuldades advindas da atual crise climática e ambiental”, ponderou a dra. Aurimery Chermont.
Na avaliação da dra. Vilma Hutim, que também atua como preceptora na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMPA), entidade responsável por sediar o evento, a Carta de Belém surgiu como uma resposta integrada e intersetorial, para apresentar os desafios e soluções propostos pelos bancos de leite humano frente às situações das emergências sanitárias.
“Sabemos que as dificuldades são múltiplas e de diferentes naturezas, em cada região do País e do mundo. A Carta é um registro que demarca o início das discussões sobre o tema. O documento foi assinado em nome da SBP e suas filiadas. Agradecemos ainda a todos envolvidos na ação pela receptividade e pela troca estabelecida”, frisou.
BRASIL COMO REFERÊNCIA – Um dos destaques da programação foi a aula do coordenador da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, dr. João Aprígio de Almeida, que classificou a reunião como um marco na história. “Esse encontro demarca a atuação da Rede de Bancos de Leite Humano da Fiocruz (rBLH) no contexto da pré-COP30 e reforça que não se trata de uma pauta da moda. Nós vivemos de perto as emergências sanitárias decorrentes da crise climática”, afirmou.
Segundo o dr. João Aprígio, a resposta da rede brasileira às enchentes no Sul do País é um exemplo concreto do impacto positivo da articulação nacional. “Em menos de 24 horas, reunimos 768 litros de leite humano, que foram levados com segurança às UTIs neonatais do Rio Grande do Sul, com apoio da Força Aérea Brasileira. Essa iniciativa ganhou dimensão internacional e foi apresentada pela Organização Mundial da Saúde”.
De acordo com a presidente do DC de Aleitamento Materno da SBP, dra. Rossiclei Pinheiro, o Brasil segue como referência mundial quando o tema é doação de leite humano e deve continuar atuando na conscientização de profissionais de saúde e sobretudo das famílias. “Quanto maior o número de mulheres e pediatras engajados, maiores serão os impactos positivos da atuação dos Bancos de Leite Humano”, comentou a especialista.
O evento foi organizado em parceria pela Rede de Bancos de Leite Humano da Fiocruz (rBLH)/Fiocruz, Ministério da Saúde (MS), Ministério das Relações Exteriores e Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), com apoio da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) e da FSCMPA.
*Com informações do site da Sespa